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F-Numbers: qualificação e controle de execução

A metodologia conhecida como “F-numbers” é baseada na norma ASTM E1155 (American Society for Testing and Materials). Foi criada no final da década de 1980 pela The Face Companies – derivada do método que se conhece hoje como Fmin – a partir da dificuldade de mensurar o desempenho do acabamento e a qualidade da superfície dos pisos na época, principalmente no que diz respeito aos desníveis e ondulações.

Até então, o método mais utilizado para especificar e qualificar a planicidade e o nivelamento dos pisos era conhecido como “Gap under the straightedge”. Basicamente, se determinava uma variação vertical máxima ao longo da extensão de uma régua de três metros posicionada sobre o piso. Em 1990, o método F-numbers foi adotado pelo ACI (American Concrete Institute), como forma oficial de especificação, medição e controle de variações superficiais de pisos de concreto.

 

Figura 1: exemplificação de duas situações hipotéticas nas quais diferentes tipos de variações verticais culminam em superfícies aceitáveis, segundo o antigo método de especificação e controle.

 

 

 

 

Partindo do conceito de que é possível obter uma rampa com inclinação acentuada sem conter ondulações e que, ao mesmo tempo, se pode executar um piso nivelado em larga amplitude, mas ondulado em curtas extensões, temos a distinção dos F-numbers entre FF (Floor flatness) e FL (Floor levelness).

O método consiste na execução de um ensaio estatístico para pisos com tráfego randômico e nos ajuda a projetar, executar e qualificar superfícies em relação à planicidade (FF) e nivelamento (FL). As especificações e resultados são apresentados em números de uma escala linear, adimensional e infinita. Em resumo: quanto maior forem os índices de planicidade e nivelamento, melhor será o piso. Ou seja, uma faixa de piso que apresenta FF  80 é duas vezes mais plana do que outra com FF  40.

As medições são realizadas em diversos alinhamentos homogeneamente dispostos sobre a superfície aferida, normalmente delimitada pela área de concretagem de um dia. Podem ser realizadas em linhas paralelas e perpendiculares ou em sentido de 45° à faixa, de acordo com as orientações da ASTM E1155, que determina a quantidade mínima e tipo de leituras a serem realizadas, a depender das dimensões de cada faixa.

 

Figura 2: linhas dispostas à 45º em relação às juntas de construção durante aferição de F-numbers.

 

 

 

 

 

Durante o processo, percorremos o aparelho denominado Dipstick (Perfilômetro tipo II) sobre o piso, absorvendo e computando variações verticais com precisão de décimos de milímetro (motivo pelo qual necessitamos de uma superfície rigorosamente limpa), de uma extremidade do aparelho à outra, a cada trinta centímetros.

Temos, assim, um par de índices (FF / FL) para cada uma das linhas, compondo a média dos índices aferida para a faixa. Ao final da medição total de uma determinada área, como um galpão dentro de algum empreendimento logístico, por exemplo, temos os índices finais a partir da média ponderada de todas as faixas medidas.

 

Figura 3: análise de resultados em campo – Dipstick 2285 Perfilômetro tipo II

 

 

 

 

 

 

Por fim, entendemos que, muito mais do que um “termômetro” de qualidade da superfície do piso de um empreendimento, o método é um grande aliado da execução, sobretudo quando se somam o know-how do operador do perfilômetro a uma equipe de execução comprometida em alcançar os melhores resultados.

 

AUTOR

Técº Pedro Teixeira dos Santos, coordenador de obras na LPE Engenharia