A delaminação é uma patologia que ocorre em superfícies de pisos de concreto na qual se forma uma fina camada que desprende (desplaca) do restante da estrutura do piso. Saiba como evitar.
O ACI 302 e a TR34, desenvolvidos pelo American Concrete Institute e Concrete Society, são importantes documentos técnicos direcionados às boas práticas de projeto e execução de pisos industriais de concreto. E convergem no entendimento da ocorrência destas patologias, compreendendo que a maioria dos casos possui forte ligação com o aprisionamento de água ou ar, devido a um selamento prematuro da superfície na fase em que o concreto ainda está em estado plástico. Isso gera uma pressão interna, que provoca o desplacamento superficial do concreto, que pode ser observado durante a fase de acabamento/polimento do piso ou em momento futuro, quando é iniciada a operação.
É possível observar na literatura técnica e na experiência prática, entretanto, que as delaminações também podem surgir em função de diversos fatores, muitas vezes controversos, sendo de natureza construtiva ou de materiais. Neste sentido, podemos destacar:
- Elevada exsudação do concreto;
- Elevado teor de ar incorporado;
- Início precoce do processo de acabamento: selamento prematuro da superfície, em momento de eliminação de água e/ou ar;
- Elevado teor de argamassa;
- Excesso de finos no concreto;
- Contaminações dos agregados;
- Desconformidades no processo de colocação de aditivos;
- Incidência direta de intempéries (sol e vento) durante a concretagem;
- Baixa umidade relativa do ar;
- Aspersão de água na superfície do piso no momento do acabamento;
- Aspersão excessiva ou em momento inadequado de agregados minerais (salgamento).
As delaminações, normalmente, possuem formato circular, podendo ter diâmetros variados e profundidade entre 2mm a 4mm. Por ser uma patologia superficial, não se verifica comprometimento da estrutura do piso, contudo, caso não seja reparada, pode apresentar evoluções e, com o tempo, gerar impactos na operação.
Tratamento
Para o tratamento de casos pontuais, recomenda-se remover toda camada superficial atingida e, utilizando um disco diamantado, formar um retângulo e aprofundar suas extremidades. É importante que a área a ser reparada envolva todos os pontos com tendência a se soltar. Na sequência, recompor com argamassa de alta resistência cimentícia ou a base de resina epóxi, a fim de garantir aderência superficial e textura similar ao do restante do piso.
Já para casos de forte concentração, pode ser necessário promover uma intervenção de maior amplitude, como lapidação ou aplicação de revestimento cimentício.
Boas práticas
A melhor forma de evitar/mitigar a ocorrência dessa patologia é adotar uma sequência de boas práticas, como:
- Contratar um projeto que contenha especificações de concreto adequadas, seguindo-as rigorosamente;
- Realizar a análise teórica do traço a fim de identificar alguma anormalidade antes da concretagem. É importante que esta análise também contemple a avaliação da qualidade dos agregados;
- Com a análise teórica aprovada, verificar o traço em laboratório, com o objetivo de avaliar o teor de ar incorporado, teor de argamassa e exsudação, bem como o tempo de início e fim de pega do concreto, a fim de compreender o melhor momento de entrada das máquinas;
- Na sequência, realizar a avaliação prática a partir da execução de uma placa teste, de preferência em um ambiente mais próximo da realidade executiva, com a cobertura e fechamentos laterais finalizados.
Seguindo, portanto, as boas práticas de projeto e execução, incluindo estudos pré-concretagem, realização de todos os ensaios de controle tecnológico e acompanhamento das execuções por profissionais especializados, certamente serão alcançados bons resultados.
Eng. Jéssica Duarte | Departamento de obras | LPE Engenharia