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Reparos em pisos e pavimentos de concreto: uso de rompedores

 

Uma questão frequente em obras é a necessidade de reparos no piso, que exigem a remoção do concreto endurecido, por em uma operação que ao mesmo tempo é pesada, mas que exige cuidado e precisão na execução, ou seja, ficamos entre os dois limites de um trabalho cuidadoso e o bruto. É como se um relojoeiro usasse uma marreta para abrir um relógio que necessitasse de reparo.

Brincadeiras à parte é mais ou menos isso que acontece quando é necessário remover parte do piso para a instalação, por exemplo, de uma balança ou quando temos que fazer um reparo de uma fissura ou qualquer outra patologia existente. Como regra básica, devemos limitar a região que vai ser removida, cortando o concreto com serra tipo clipper, como mostra a figura 1. Esse corte deve ter formato geométrico regular, na forma de retângulo ou quadrado e, por questões estéticas, paralelos aos eixos da placa. A profundidade do corte deve ser cerca de 1/3 da espessura da placa, no mínimo.

Demolição

Figura 1: Corte da região a ser demolida

A função desse corte – além de alinhar e delimitar a área do reparo – é permitir que a remoção do concreto sem danificar superficialmente as áreas que serão mantidas, já que o concreto se desprenderá mais facilmente pela condição de enfraquecimento que o corte irá produzir. Observe que os cantos da área cortada estão arredondados, que são facilmente executados com máquina de extração de testemunhos, empregando extratora de 150 mm de diâmetro. A função dos cantos arredondados é evitar fissuras de cantos reentrantes, aquelas que ocorrem a 45o dos cantos de aberturas no piso, como caixas de passagem, encontro de pilares, etc. Essa parte do trabalho é a que mais depende do capricho do executor e que terá impacto estético forte no futuro reparo. Agora vamos à parte mais complicada, que é a remoção do concreto.

Essa remoção é feita com rompedores, que são encontrados nas mais variadas formas de pesos, energias, sistemas de impacto – hidráulico ou ar comprimido – tipo propulsão, etc. Na realidade, o que importa e deveria ser adotado como referência de desempenho seria a energia de impacto, mas a energia de impacto por pulso não é facilmente correlacionável com o peso do equipamento e pode variar entre os fabricante (Chipping Hammer Weight Limit – Concrete International, April 2015, pag 76).. Por conta disso, normalmente trabalhamos com a informação de peso do martelo, pneumático, hidráulico ou mesmo elétricos, hoje muito comuns. A tabela 1 indica os tipos de rompedores e vantagens e desvantagens de cada um.

Tabela 1: Tipos de rompedores disponíveis (adaptado de SHRP-S-336: Tech. For Concrete Removal and Bar Cleaning on Bridge Rehab. Proj.)

Tipo de Propulsão Vantagens Desvantagens
Hidráulico Alta produtividadeElevada energia de impacto Principalmente empregado para demolição pesada.Causa danos ao concreto residual e aço.Requer compressor hidráulico
Elétrico Pequenas dimensõesApropriado para locais de pouco acesso Peso elevadoCusto elevado
Ar comprimido Baixo pesoDurabilidade elevada Requer compressor de ar

 

Qual a preocupação com o peso do martelo? É não fissurar ou microfissurar o concreto que será preservado. Infelizmente não há muitas informações sobre o assunto, mas alguns artigos trazem algumas informações úteis; uma delas, que parece bastante óbvia, é que o peso do martelo é diretamente proporcional à microfissuração no concreto remanescente, ou seja, quanto mais pesado, mais fissuras irão aparecer. A figura 2 mostra o tipo de fissuras que podem ocorrer e simula a remoção de 5 cm superficiais de uma placa de concreto.

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Figura 2: Fissuras após emprego de martelete de 14 kg (Bissonet et AL: Concrete Removal Techniques. Concrete Interntional, Dec 2006 pag 49-55)

Como consenso, podemos estabelecer que nas áreas sem armadura ou acima dela, pode-se trabalhar com rompedores de até 14 kg (30 lbs) e quando próximos da armadura ou nas bordas do corte, equipamentos com até 7 kg (15 lbs). Rompedores hidráulicos, como aqueles montados em retroescavadeiras, só devem ser empregados quando haverá remoção total do piso, nunca em trabalhos onde parte dele será preservada. Para remoção parcial do concreto, na camada superficial, é recomendável sempre trabalhar com marteletes leves e complementarmente, fazer cortes sucessivos e paralelos para facilitar a remoção do concreto.