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Juntas metálicas: conceitos e aplicações

É de amplo conhecimento no meio técnico a importância das juntas para o piso de concreto. São responsáveis por permitir movimentações horizontais devido às variações volumétricas do concreto, bem como a adequada transferência de carga entre placas contíguas. Garantem, assim, a operação satisfatória sobre o piso e controlam a ocorrência de fissurações e outras patologias. 

Caso queira saber um pouco mais sobre as juntas – tipos e funções, veja os nossos artigos:

Tipos de juntas em pisos industriais

Paginação de juntas em pisos: cuidados no projeto geométrico

Função das juntas em pisos de concreto

As juntas metálicas vêm ocupando lugar de destaque no campo da inovação em pisos de concreto. Nota-se uma crescente utilização em ambientes logísticos, industriais e até no varejo. De modo geral, possuem similaridade, no comportamento e função, com as juntas tradicionais, mas proporcionam benefícios adicionais, tanto nas etapas de construção quanto posteriormente, na operação sobre o piso.

Notadamente, esses tipos de juntas geralmente apresentam custo inicial superior às soluções tradicionais (juntas do tipo construção ou serradas). Entretanto, ao se considerar os principais benefícios, como a dispensa do uso de fôrmas, de barras de transferência, lábios poliméricos e, em alguns modelos, até do material de selamento, é possível considerar uma compensação de custos ou até mesmo a redução no médio e longo prazo.

Com foco na redução de custos, é comum adotar as juntas metálicas nas áreas de maior solicitação de cada ambiente ou de maior complexidade de manutenções, como a área de picking (frente das niveladoras de docas) nos galpões logísticos ou nas portas de câmaras frias (varejo e indústria).

Atualmente, é possível encontrar diversos modelos, como as juntas tradicionais retas, do tipo senoidais, de reparo, aquecidas e até de dilatação de lajes. Conceitualmente, os modelos proporcionam ganhos importantes de desempenho, principalmente ao se observar a redução da necessidade de manutenções no empreendimento, seja por esborcinamento das bordas ou aplicação/troca de materiais de selamento.

Por outro lado, apesar dos grandes benefícios, é importante estar atento ao adotar tais sistemas. É preciso entender qual deles se adequa às necessidades da operação do empreendimento, seja pela capacidade de transferência de carga (que podem se alterar em função do tipo de solução – dowels ou intertravamento do concreto) ou do tipo de tráfego e expectativa de abertura das juntas. Deve-se, ainda, ter uma garantia do adequado adensamento do concreto nesses elementos (sem formação de bicheiras/vazios), visto que são vitais para a garantia do bom desempenho.

A seguir, abordaremos características dos principais modelos do mercado:

  • Juntas retas: um dos primeiros modelos a desembarcarem no Brasil, contribuíram para a disseminação da solução. Contudo, ao serem empregados em soluções de piso do tipo “jointless” (placas de grandes dimensões), que proporcionam abertura importantes de juntas – caso não se utilize um concreto de baixa retração -, observa-se a necessidade de selamento e até a ocorrência de impactos durante o movimento dos veículos logísticos, algo que, além do incômodo sonoro, pode desencadear patologias. Por isso, é um sistema recomendado para soluções de piso tradicional (placas de dimensões menores) e/ou sujeitas ao tráfego de veículos com rodas pneumáticas.
Figura 01 – Junta metálica do tipo reta (fonte: Work / Polipiso)
  • Juntas senoidais: atualmente, há um crescimento exponencial do uso das juntas do tipo senoidal, que possuem o conceito “zero-impact”. Isso acontece por conta da linha de movimentação assimétrica e ondulada que, quando sujeita ao trânsito de equipamentos de roda rígida, apresenta apoio para as rodas a todo instante no decorrer da passagem, impedindo qualquer tipo de impacto e garantindo uma transição suave entre as placas do piso em concreto. Existem, ainda, alguns modelos com o conceito adicional denominado “sealant-free”, que se trata de um chapa inferior logo abaixo da abertura senoidal, gerando um efeito de blindagem do elemento e dispensando o uso de selantes para aberturas de até 25mm.
Figura 02 – Junta senoidal com transferência de carga via dowel (fonte: Isedio)
Figura 03 – Junta senoidal com transferência de carga por intertravamento (fonte: HC Joints)
  • Juntas senoidais aquecidas:  observa-se o uso crescente de tais soluções, principalmente em ambientes frigorificados, especificamente nas portas de transição de câmaras frias – congelados para resfriados – que proporcionam o efeito de condensação da umidade do ar devido à diferença de temperatura, criando umidade excessiva e até formação de gelo, que geram efeitos danosos ao concreto. Em função das baixas temperaturas e de uma alta demanda da operação (por vezes sem possibilidade de paralisação), manutenções periódicas sempre são críticas e onerosas. Por isso, é possível adotar esta solução ainda na fase construtiva ou em forma de reparo.

O conceito desta junta, que é muito similar à senoidal tradicional, parte da utilização de uma serpentina de aquecimento logo abaixo da chapa superficial, contribuindo com o aquecimento do concreto e consequente mitigação dos efeitos da condensação da umidade nesta região.

Figura 04 – Junta senoidal com sistema de aquecimento (fonte: Work / Polipiso)

Juntas de reparo:  este elemento é uma alternativa de recuperação de piso que vem se mostrando eficiente. Indicado para juntas tradicionais com elevado grau de danificação (manutenções recorrentes) ou com aberturas importantes (superiores à 15mm). Por vezes, são caracterizados apenas com a parte superior do sistema (sem transferência de carga) e, em sua maioria, do tipo senoidal. Possuem uma instalação não invasiva, demandando escarificação/fresamento superficial no trecho a ser recomposto, podendo, inclusive, utilizar materiais de recomposição de rápido endurecimento, como o graute ou argamassa polimérica.

Figura 05 – Junta senoidal de reparo (fonte: Isedio)
Figura 06 – Junta senoidal de reparo (fonte: HC Joints)

Considerando, portanto, todas as características e opções disponíveis, verifica-se a importância da orientação de um consultor especialista. Nesse sentido, o corpo técnico da LPE Engenharia poderá contribuir com uma análise técnica assertiva e personalizada, examinando as características do empreendimento atual ou futuro e permitindo um investimento de melhor custo-benefício.

Eng.° Igor H. Donisete | Gerente do Departamento de Obras da LPE Engenharia